A história da humanidade é como uma grande viagem que não termina nunca. Cada ser humano recebe como missão, um pedaço para caminhar.
Nesta caminhada, milhões de pessoas, caminham de cabeça baixa, olhando apenas para o lugar onde pisam, sem perceber as belezas nem os perigos que rondam as margens da estrada. Fazem o trajeto sem se importar com o que acontece.
Outros milhões preferem fazer a viagem, carregados nas costas das multidões para não fazerem esforços. Observam tudo, modificam o trajeto para que o cortejo passe por lugares que os satisfaçam. Divertem-se às custas do esforço e do trabalho dos que os carregam. E quando acham que a viagem parece ficar sem graça, maltratam seus carregadores, negando-lhes água, comida, descanso.
Outras milhões de pessoas, no entanto, caminham com as próprias pernas. Cabeça erguida, olham para a linha do horizonte. Enxergam todas as belezas e os perigos. Denunciam aqueles que querem se aproveitar do esforço alheio. Estes são sempre duramente reprimidos, presos, torturados...Mas não interrompem a viagem. Pelo contrário, continuam através dos sonhos a andar com as mãos cheias de sementes, junto àqueles que pensam e se identificam com o dinamismo da história. Preferem o caminho duro, pois sentem prazer em andar e sentir o suor digno que vem com a poeira do caminho.
Mas há nesta viagem, os que ficam parados olhando os que passam e se perguntam: "O que faz estes seres humanos a teimarem em continuar a viagem, fazendo tanto esforço? Por que, mesmo sob a força das chibatas, estas pessoas teimam em afirmar coisas em que acreditam? Elas poderiam mentir para viver bem, mas por que insistem em falar a verdade? Por que mesmo os que são ameaçados de morte, seguem tranqüilamente como se não houvesse perigo algum? Por que não param e se misturam com aqueles que nada vêem e nada sentem?"
Existem razões e motivações que só quem caminha compreende, sem conseguir explicar. É como se uma força gerada por uma máquina invisível fizesse as luzes da consciência permanecerem acesas mesmo passando por tormentas e vendavais. Essas luzes iluminam o caminho. É um mistério que vira Mística. É o inexplicável brincando de se revelar, mas sempre escondendo mais e mais as causas dessa motivação sem fim. E quando parece ser noite escura e sem luar e bate a tentação de interromper a viagem à espera que o dia amanheça para continuar, um pequeno grupo, como se levasse uma lanterna pendurada no chapéu, avança sobre o desconhecido, dando vida à rebeldia. É a mística que reaparece como um líquido que umedece a consciência para que as sementes germinem. E aí, se descobre a arte de repor as energias através da mística.
Neste caminho cada um leva aquilo que lhe convém. Mas os lutadores levam apenas o corpo cheio de sonhos para realizar. A mística é a melhor companheira de nossa caminhada.
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